Expedição do Paraná vai até ilha no Espírito Santo em busca de tesouro de pirata lendário
07/09/2025
(Foto: Reprodução) Pirata Zulmiro: a história que inspirou expedição em busca de tesouro em ilha
* Esta reportagem foi produzida com ajuda de inteligência artificial, com supervisão de jornalistas do g1 PR.
Uma expedição científica liderada por pesquisadores paranaenses partiu para uma expedição à Ilha da Trindade, no Espírito Santo, com intuito de procurar vestígios do tesouro que teria sido enterrado pelo pirata Zulmiro, um nobre irlandês que viveu em Curitiba no século XIX.
O tesouro, roubado de um galeão espanhol, estaria escondido no ponto mais distante do litoral brasileiro. A história, que mistura lenda e fatos históricos, é investigada há 20 anos por pesquisadores.
A expedição científica busca confirmar a atividade de piratas no local e não apenas encontrar o tesouro e outras riquezas.
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O trabalho tem autorização de órgãos como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Instituto Patrimônio Histório Nacional Brasileiro (IFAM), já que a ilha da Trindade é uma unidade de conservação. O local, que é a ponta de um vulcão extinto no meio do oceano, é considerado um laboratório a céu aberto.
Segundo o pesquisador Marcos Ofenbock, o trabalho é inédito no país, já que tem foco em uma pesquisa arqueológica e não em uma simples caça ao tesouro.
A Ilha da Trindade sempre foi cercada por mistério. A história atraiu olhares do mundo todo, com três expedições inglesas no século XVI e cinco expedições brasileiras entre 1910 e 1950.
Equipes vindas dos Estados Unidos também tentaram encontrar o tesouro, mas todas as tentativas encerraram sem sucesso. "Nós somos a décima tentativa", afirma Ofenbock.
Pirata Zulmiro
Artes/RPC
Ilha da Trindade: o suposto esconderijo de riquezas
Segundo as cartas escritas por Edward Young, amigo de Zulmiro em Curitiba, o pirata e os companheiros dele, Zarolho e José Sancho, usavam a Ilha da Trindade como uma espécie de 'banco pirata', onde depositavam o fruto de roubos.
Zulmiro teria feito 11 depósitos no local. Uma grande parte desse tesouro foi roubada em 1821 de um galeão espanhol, que transportava ouro e obras de arte da Catedral de Lima e do Forte Real São Felipe, no Peru.
“O que leva a Ilha da Trindade a ser o ponto mais forte do tesouro? O Zulmiro escreveu um roteiro com as coordenadas geográficas de como encontrar esses dois depósitos", explica Ofencok.
Os documentos indicam que os depósitos estariam localizados na Baía Sudoeste e na Enseada da Cachoeira, mais para o interior da ilha. Os pesquisadores acreditam que um segundo mapa do tesouro tenha sido criado por Zarolho, que o entregou a um capitão de navio mercante antes de morrer na Índia em 1850.
Iha de Valadares
Reprodução/RPC
A história do pirata que se tornou lavrador
O pirata Zulmiro na verdade se chamava John Francis Roder e era um nobre irlandês que se formou na Academia Naval da Marinha Inglesa. Após matar um oficial em uma briga, ele desertou, se tornou um pirata e adotou o novo nome.
A vida de pirataria, no entanto, foi breve. Zulmiro e tripulação dele foram capturados, mas ele foi salvo por um amigo antigo, o oficial Harry Kepper, que simulou a fuga dele na região de Superagui, no litoral paranaense.
Após o desembarque, ele subiu a Serra do Mar pelo Caminho do Itupava e se instalou na capital. Segundo o pesquisador, Zulmiro subiu a serra e veio parar em Curitiba em 1829.
Zulmiro chegou em Curitiba em 1829
Reprodução/RPC
Uma nova vida na capital paranaense
Em Curitiba, Zulmiro assumiu a identidade de John Francisco Inglês, casou-se com Rita Maria e teve seis filhos.
Ele viveu de forma discreta, se dedicando à agricultura. A família morava no bairro Pilarzinho, em uma propriedade de cerca de 220 mil metros quadrados e era conhecido como o "velho do mato".
O imigrante irlandês viveu na cidade por aproximadamente 50 anos. Antes de morrer, em 1889, ele teria entregado um roteiro com as coordenadas do tesouro a um amigo, Edward Young.
As informações sobre o tesouro foram registradas por Young em cartas publicadas em jornais no fim do século XIX.
Jornais foram publicados com relatos de Edward.
Reprodução/RPC
A expedição e os desafios
Segundo Ofenbock, a principal diferença para as tentativas anteriores é a tecnologia moderna, como o uso de radar.
“O movimento da terra praticamente encobriu as principais pistas que estavam registradas nos vários documentos. Por isso, é preciso fazer um levantamento primeiro”, explica o diretor do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná, Manoel de Campos.
A equipe, formada por pesquisadores de diversas áreas, terá o apoio da Marinha do Brasil e de tecnologias avançadas para tentar superar as dificuldades, como o terreno vulcânico acidentado e os desmoronamentos.
Além disso, a Ilha da Trindade é uma unidade de conservação com riquezas naturais que os pesquisadores garantem ser muito mais valiosas que qualquer outro tesouro, o que exige um cuidado especial durante a expedição.
O legado do pirata Zulmiro em Curitiba
A história de Zulmiro não é apenas uma lenda, ela faz parte da história de Curitiba. Glaucia Valente, uma das bisnetas de Edward Young destaca a importância da amizade entre o bisavô e o pirata.
“Para nossa família eu acho que o tesouro é a história. Porque o tesouro era do Zulmiro, o interessante foi toda essa história que ele [Edward] trouxe da amizade, do que aconteceu, das aventuras.”
A trajetória do pirata inspirou a criação de uma praça temática no bairro Vista Alegre e de um passeio turístico que leva os visitantes a uma exploração pela região onde ele viveu.
A história é tão curiosa que as escolas da capital paranaense têm levado o tema para as salas de aula, para que crianças e adultos conheçam mais sobre a cultura e a história da cidade.
O personagem também foi homenageado com uma placa azul, concedida pela Sociedade Britânica do Paraná, para celebrar a herança cultural do personagem na capital. O símbolo está localizado na Praça do Zulmiro, na capital paranaense.
O maior tesouro, no entanto, já foi descoberto. O diretor Manoel de Campos conclui: “O tesouro já foi encontrado. O tesouro é essa história maravilhosa.”
Placa do Reino Unido homenageia Pirata Zulmiro, em Curitiba
Reprodução/RPC
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