(Foto: Reprodução) É #FAKE que leite ajuda a desintoxicar quem foi contaminado com metanol
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Circula nas redes sociais um vídeo de uma pessoa dizendo que leite "é um remédio caseiro" que serve para combater intoxicação por metanol. É #FAKE.
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Veja respostas a estas três perguntas:
O que diz a publicação mentirosa?
Por que isso é falso?
Qual é a abordagem correta?
🛑 O que diz a publicação mentirosa?
Publicado no sábado (4) no TikTok, onde passou de 200 mil visualizações, o vídeo tem a seguinte legenda: "Remédio caseiro que combate o metanol no seu corpo". Na gravação, uma mulher faz alegações refutadas por médicos e pelo Ministério da Saúde (leia explicações abaixo).
Ela diz: "Se você foi contaminado pelo metanol, produto que hoje está aparecendo em muitas bebidas aí, então vou dizer para você o que você vai precisar fazer imediatamente [...]. Ligeiro, beba um copo de leite. Pode ser gelado, pode ser tirado da vaca da hora – do leite que você tiver. Você bebe um copo de leite imediatamente. Beba bastante água e corra para o pronto-socorro. O leite – ele ajuda muito, mas muito mesmo, desintoxicar o seu próprio organismo."
O conteúdo mentiroso viralizou em meio aos recentes casos de intoxicação por metanol após ingestão de bebidas alcoólicas no Brasil. O balanço divulgado pelo governo de São Paulo nesta quarta-feira (8) informou que subiu para cinco o número de mortos no estado.
🔍Usado industrialmente em solventes e outros produtos químicos, o metanol é um álcool altamente perigoso quando ingerido. Inicialmente, ataca o fígado, que o transforma em substâncias tóxicas que comprometem a medula, o cérebro e o nervo óptico, podendo causar cegueira, coma e até morte. Também pode provocar insuficiência pulmonar e renal.
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⚠️ Por que isso é falso?
Procurado pelo Fato ou Fake, o Ministério da Saúde enviou uma nota dizendo: "Não há evidências científicas que comprovem que o leite seja eficaz como remédio contra a intoxicação por metanol. Em caso de suspeita, o Ministério da Saúde orienta procurar atendimento médico imediatamente".
O Fato ou Fake também mostrou a publicação viral à assessoria de imprensa da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Presidente da entidade, o médico toxicologista e patologista clínico Alvaro Pulchinelli Jr alertou que "é absolutamente falso que o leite funcione como antídoto para intoxicação por metanol – e essa crença, além de incorreta, é perigosa".
Segundo o especialista, a ideia de que o leite serviria como um "antídoto universal" é um mito antigo, baseado na crença equivocada de que protegeria a mucosa gástrica e impediria a absorção de substâncias tóxicas: "Hoje se sabe que isso não é verdade, e o uso do leite nessas situações não traz benefício algum".
"Pior: essa desinformação pode atrasar a busca por atendimento médico, o que é gravíssimo. Nenhum remédio caseiro – como ingerir leite, água em grande quantidade, ou outros produtos – é eficaz. Ao contrário, essas medidas podem dar uma falsa sensação de segurança e agravar o quadro."
Pesquisadora do Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), Mariana de Moura Pereira afirma que o leite "não interfere no metabolismo dessas substâncias [metanol e etanol]".
"Somente o profissional de saúde pode indicar o tratamento adequado, que envolve medidas específicas e, em alguns casos, uso de antídotos ou hemodiálise", recomenda ela.
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✅ Qual é a abordagem correta?
No texto "Metanol: O que fazer em casos de suspeita de intoxicação", publicado em seu site oficial na quarta-feira (dia 1º), o Ministério da Saúde recomenda "evitar a automedicação". O texto detalha que "o antídoto recomendável é o etanol farmacêutico": "O produto é feito por laboratórios e farmácias de manipulação, em grau de pureza adequado para uso médico. A administração, intravenosa ou oral, é sempre controlada".
Na seção "Orientações para a População", a página cita que "os sintomas [de intoxicação por metanol] podem demorar de 6 a 72 horas para aparecer, após o consumo de bebida contaminada". Os iniciais são "sensação de embriaguez que não passa, acompanhada de náuseas, vômitos, dor abdominal forte ou desconforto gástrico". Entre os neurológicos, estão "dor de cabeça, tontura e confusão mental".
"O tratamento adequado precisa ser feito rapidamente, em ambiente hospitalar, e envolve duas frentes principais: o tratamento de suporte, que corrige o excesso de acidez no organismo e estabiliza as funções vitais, e o uso do antídoto específico, que pode ser o fomepizol ou o etanol administrado sob supervisão médica", diz o médico Alvaro Pulchinelli Jr, presidente da SBPC/ML.
Na nota enviada ao Fato ou Fake, o Ministério da Saúde informou que "está garantindo aos estados o etanol farmacêutico, antídoto comprovadamente utilizado em casos de intoxicação por metanol".
"Até o momento, nove estados já receberam o antídoto, totalizando 1,1 mil ampolas. Além disso, o Ministério adquiriu 2,5 mil unidades do antídoto fomepizol, de uma empresa japonesa, em uma compra inédita no país de um medicamento raro no mercado internacional. A empresa ainda doou 100 unidades, totalizando 2,6 mil doses. O lote deve chegar ao Brasil ainda nesta semana e será distribuído aos estados conforme a necessidade e o registro de casos."
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É #FAKE que leite ajuda a desintoxicar quem foi contaminado com metanol
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