Aprendizagem baseada em projetos práticos ganha espaço no ensino superior brasileiro
10/10/2025
(Foto: Reprodução) Aprendizagem baseada em projetos práticos ganha espaço no ensino superior brasileiro
A aprendizagem baseada em projetos práticos está ganhando espaço no ensino superior brasileiro.
O estudante Fernando Silveira Fernandes está terminando o primeiro ano de faculdade e já se sente preparado para disputar uma vaga de estágio. É que, além de aulas teóricas, ele está aprendendo a resolver problemas da vida real no curso de engenharia que faz no ITA, o Instituto Tecnológico de Aeronáutica, no interior de São Paulo.
“Este ano, eu aprendi bastante sobre programação, problemas de negócios. Foi um aprendizado enorme, baseado em problemas reais", conta Fernando.
Desde o início do curso, o Fernando e os colegas ganham experiência ajudando empresas parceiras da universidade. É o modelo PBL – sigla em inglês para a aprendizagem baseada em projetos. O PBL será implementado também no novo campus do ITA em Fortaleza, que deve ser inaugurado em 2027.
“É diferente de uma disciplina puramente teórica. PBL é uma forma de aprendizado que complementa a abordagem conteúdista, com vantagens principalmente para cursos de engenharia. É muito importante que o aluno de engenharia saiba como desenvolver projetos”, afirma o professor do ITA Carlos Henrique Costa Ribeiro.
Aprendizagem baseada em projetos práticos ganha espaço no ensino superior brasileiro
Jornal Nacional/ Reprodução
No Instituto de Tecnologia e Liderança, o Inteli, em São Paulo, 100% dos cursos usam a metodologia PBL. Aliar teoria e prática é vantajoso para os alunos, que ganham experiência durante o curso e saem da faculdade com um currículo para mostrar, com vários projetos reais executados.
E também é um caminho para as empresas encontrarem talentos. O setor de tecnologia é um dos que mais precisam de mão de obra. Mas uma pesquisa mostra que só 10% das empresas acham fácil encontrar profissionais dessa área. Por isso, buscam parcerias com centros de ensino.
“O que acaba acontecendo é que muitas empresas trazem esses projetos para cá, para serem realizados pelos alunos, porque não têm quem faça dentro das empresas. Então, na prática, o que acontece: tem fila de espera”, diz Maíra Habimorad, presidente do Inteli.
O foco na execução de projetos já começa no vestibular. São três etapas, todas online:
uma prova;
uma análise de perfil do candidato;
e o desafio de desenvolver um projeto em grupo, na fase final.
Metade das vagas da faculdade é para bolsistas. Como a Izabella Almeida de Faria, aluna de sistemas de informação. Ela já participou de 12 projetos para empresas parceiras. Um deles rendeu o primeiro registro de patente da faculdade.
“Um sistema de gestão de empresas. Esse é mais focado em pequenas e médias empresas e, com isso, a gente fez a aplicação desse sistema utilizando uma metodologia inovadora. Eu acho que é algo inspirador não só para mim, principalmente porque eu sou a primeira pessoa da minha família a entrar no ensino superior. Também é algo que enche os olhos, faz brilhar: a oportunidade que a educação traz para o dia a dia das pessoas”, diz Izabella Almeida de Faria.
Antes mesmo da formatura, a Izabella já está trabalhando. Isso ocorre com a maioria dos alunos, segundo a presidente da instituição.
“O nível de empregabilidade é muito alto. Então, quando eles são entrevistados, as empresas olham e falam: ‘Nossa, essa pessoa já viveu alguns projetos, já viveu problemas muito parecidos com o que ela vai viver no dia a dia de trabalho’. Então, sentem que estão mais preparados para a realidade do trabalho”, afirma Maíra Habimorad, presidente do Inteli.